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Edge vs EGW – A guerra das revistas nas matérias sobre a indústria nacional

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Pergunta clássica: você compra revistas nacionais? Ou a internet é suficiente pra você estar informado? Bom, diferente de muita gente que ainda negligencia as revistas nacionais, eu ainda continuo adquirindo e comprando. Diferente dos blogs e sites imparciais, as revistas conseguem trazer reportagens mais elaboradas e tem mais acesso, por exemplo, às empresas nacionais. É mais prático e fácil uma empresa abrir as portas pra uma Edge (por exemplo) conhecer a estrutura e seus games do que um blog comum feito por desenvolvedores indie. É claro que admito que não corro tanto atrás, já que diferente dos jornalistas, eu não tenho todo tempo do mundo e nem capital financeiro para viajar e bater as portas pra alguma reportagem exclusiva (e aí a gente fica nos eventos. Eu quero ir no XNA Gamefest este ano novamente (em São Paulo), que é o único que tenho condições de bancar do próprio bolso). Então a gente fica com as revistas nacionais.

Se for fazer um retrospecto das revistas anteriores, elas não faziam muitas reportagens com o mercado nacional. No máximo se resumia a uma entrevista com algum desenvolvedor dono/diretor de empresa nacional, algo sobre o Taikodom (ah, sabia que ele esteve na E3? Sim, e acabei deixando passar batido por aqui…), eventos nacionais e outros. Pouca coisa, onde as duas matérias mais elaboradas foram uma de duas partes na EGM Brasil e uma da Gamemaster, que irei comentar aqui em alguns dias (mas não garanto nada!), onde tem dicas pra quem pensa em entrar na área. Aí como a cobertura é pouca, só os gamers que se interessariam mais nas revistas.

Mas a situação parece estar mudando e indo para o nosso lado. E esta pequena revolução tem um nome: Edge. Depois que a Editora Europa conseguiu o licenciamento da revista britânica, eu vi uma revista refinada, com textos mais técnicos. Menos games, mais indústria. Algo que gostei muito, já que da parte de games a internet já consegue cobrir. Só acho falta nos blogs e sites nacionais, por exemplo, comentar mais sobre as curiosidades do desenvolvimento de um jogo, algo que a Edge deverá ter com mais frequência. Por exemplo: na primeira edição, na matéria sobre o God of War 3 eles comentaram que o Stig Asmussem fez, sozinho, o level do Atlas do God of War 2, o que mostra que o cara é bom e que pode ter sido a melhor opção da Sony pra ser diretor do terceiro jogo (e também ele esteve no primeiro). E também na matéria eles comentaram que o Vassily Filippov, programador-chefe do projeto (que apresentou esta sequência de slides na GDC 2009), ajudou na criação do hardware do PS3, o que, segundo as palavras da revista, “ele está mais do que qualificado pra expremer até a última gota da capacidade do console”. Pelo que eu vi do jogo na E3, eles elevaram a parte técnica da série a um patamar bem elevado

E isso hoje está acontecendo com mais frequência. A Edge mostrou em sua primeira edição muitas matérias técnicas, como uma sobre os jogos em 3D (não em 3D normal, e sim 3D que salta pra fora da TV), uma das empresas nacionais que trabalham com DS e Wii, uma coluna do André Penha, que trabalha na Tectoy e que comentou sobre o BRGames (o prazo de entrega dos projetos termina hoje), uma do Imagine Cup e entrevistas com desenvolvedores. Isso me cativou ainda mais e com isso a assinatura da revista valeu a pena. E depois que a Edge veio à tona, a EGW se mexeu e na sua edição mais atual (capa dos Beatles) eles dedicaram mais páginas ao mercado nacional.Teve matérias sobre a Overplay, sobre o MMO nacional Shadow of Light, o relato do 2º Fórum Nacional do Portal Xbox (dentro do prédio da Microsoft Brasil, em São Paulo), e muitas entrevistas. A diferença entre as edições da EGW (essa e a anterior, da capa do Exterminador do Futuro 4) é enorme. Com certeza essa mudança pode ter sido motivada tanto pelo foco da Edge quanto pela mudança de postura da EGW, que está fazendo uma revista com poucas traduções de matérias de fora e mais matérias criadas aqui no Brasil.

E não quer dizer que eu esteja puxando sardinha pra elas. Eu quero ver o circo pegar fogo entre elas. Ver mais reportagens, poder ver que elas estão olhando com mais carinho pra área nacional, pras desenvolvedoras, pra gente que tenta criar games e manda pros Kongregate da vida. Guerra no sentido de ver qual delas consegue reportagens mais elaboradas, mesmo que sejam traduzidas. Guerra no sentido de ver qual a que será a melhor revista nacional de games (e com assuntos de gamedev). E isso a gente tem a ganhar, por conhecer mais a área. Por mais que tente acompanhar o mercado nacional, eu não tenho tanto acesso aos bastidores do mercado nacional (além de ter outras coisas a me preocupar, frisa-se). Por isso vejo com bom olhos que a área aqui no Brasil pode ser mais conhecida pelo seu público-alvo, os jogadores. E isso é bom pros estudantes e interessados em trabalhar na área de games do Brasil.